quarta-feira, 11 de abril de 2012

Deficiência Mental ou Inferioridade?

    Hoje em dia, no Brasil, ainda há muito preconceito em relação aos deficientes mentais. Existem várias correntes religiosas que alegam que a doença é oriunda de pecados dos pais ou parentes do enfermo, ou ainda as neo-fascistas, que carregam até hoje as ideias da raça ariana, e que exclui os doentes mentais dela.
   A luta contra a internação intensiva em hospitais como o Galba Velloso, vem sendo cada vez mais acatada por maiores números de pessoas e mais comprometidas com a saúde mental no país. A criação dos CAPS, dos CERSAMs, CERSAMIs, vem trazendo à tona uma boa discussão acerca da necessidade de internação dos pacientes com deficiência mental. O ponto em questão é o mesmo argumento das cadeias no Brasil. A internação não trata o paciente continuamente, e sim ameniza uma crise psicótica, histérica etc. As instituições que tratam dos pacientes "em liberdade", cuidam dos pacientes com regularidade, e se mostram eficientes por apontarem os momentos de exaltação e calma dos deficientes, bem como seus motivos.
  Os hospitais são parcialmente responsáveis pela visão pejorativa da sociedade perante os deficientes mentais, uma vez que lá eles são mal tratados e mal compreendidos, levando-os a não estar à vontade no lugar, o que dificulta a internação e conformação do paciente de estar ali. A precariedade dos hospitais também chama a atenção, uma vez que as pessoas passam em frente, veem os doentes sujos, muitas vezes agredidos e famintos, o que lhes dá a impressão de estarem vendo seres inferiores e com doenças contagiosas. A psicose e a esquizofrenia não são contagiosas, não basta fazer uma refeição ao lado de um insano que a pessoa também se tornará. Assim como não basta ver um hanseniano (a hanseníase sim, é uma doença contagiosa) para se tornar leproso. As pessoas, no Brasil, ainda são muito ignorantes no que diz respeito à saúde mental, a crença de que os deficientes são inferiores segue há muito tempo e a falta de interesse por parte da população é alarmante. Para os "normais", é inútil entender a minoria, da mesma forma que acontece com os homossexuais, negros, deficientes físicos etc. Essa falta de interesse acaba gerando uma supremacia daqueles que possuem sanidade mental, o que desencadeia na própria sensação de superioridade, ainda que inconsciente, por parte dos mesmos.
     A questão é que os deficientes mentais não são inferiores, o que lhes ocorre é apenas uma disfunção, que se tratada corretamente não os impede de viver em sociedade, muito pelo contrário, os auxilia a levar a vida da maneira mais normal possível. Talvez a internação realmente não seja o melhor método de tratamento, mas, infelizmente, os brasileiros ainda não estão preparados para se depararem com um "doido" na rua, no shopping ou no supermercado.


Por : Eulália Mota

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